e culturais que ela encontrou ao longo de sua vida quanto na adoção de hábitos saudáveis.
Envelhecemos conforme vivemos.Envelhecer é um processo do sujeito que vive o seu próprio tempo de forma particular e peculiar. O grande desafio das políticas públicas de saúde dos idosos é manter ao máximo a capacidade funcional através da adoção de programas de promoção e proteção da saúde e prevenção das doenças, evitando a fase de dependência. É cada vez mais freqüente encontrarmos idosos com idade avançada sem incapacidades. As pesquisas indicam que 82% dos idosos estão bem de saúde, mantendo sua independência e autonomia.
2. IDOSO NÃO VOLTA A SER CRIANÇA
Há um entendimento popular que “velho é uma criança grande” ou que “velho volta a ser criança.” Isso é falso e encobre o estereótipo da fragilidade da velhice e que pretende segregar a uma condição de inferioridade. É muito comum vermos profissionais tratando os idosos como se fossem crianças, chamando-os por nomes diminutivos (vózinha, queridinha, bonitinha, lindinha, etc) e dirigem-se a eles falando com infantilidade e muitas vezes além das palavras, agem tentando erguê-los como se fossem deficientes físicos e necessitassem de ajuda, mesmo que não precisem. Não devemos tratar os idosos como tratamos as crianças. Devemos tratá-los como sujeitos que têm suas particularidades e que continuam a necessitar da atenção individual que esta fase da vida necessita.
3. OS IDOSOS NÃO SÃO TODOS IGUAIS
O envelhecimento de um individuo é e sempre será diferente do envelhecimento do outro. Cada sujeito tem a sua própria velhice e, conseqüentemente, as velhices são incontáveis. As mudanças biológicas ocorrem
em todos os seres humanos, porém, as mudanças não se processam de forma igual. Cada um de nós possui o seu ritmo próprio de mudança. Nem todos os idosos são surdos, cegos, ranzinzas, implicantes, sábios, amáveis, ou quaisquer outros adjetivos e designações que pretendemos dar. Assim como as crianças,
adolescentes, jovens e adultos têm suas particularidades, os idosos também as têm. Não podemos compreender o indivíduo pela generalização, pois sabemos que cada um de nós envelhece a seu próprio tempo e de modo particular e singular.
4. A VELHICE É A MELHOR IDADE?
Há uma forte tendência nos trabalhos com idosos denominar esta fase da vida como sendo “a melhor idade”. Há muitos idosos que podem chegar nesta fase da vida e avaliarem que de fato ela é a melhor idade de suas vidas. Isso é um critério de análise individual. Não podemos concordar que isso seja uma generalização para todos os idosos. Devemos ter o cuidado de não esconder atrás da designação “melhor idade” um eufemismo que encubra as desigualdades presentes na sociedade e que afaste dos idosos a reflexão do lugar que o velho tem na vida social. Ao mesmo tempo, dizer que é no envelhecimento que se alcança a melhor idade é desconsiderar o princípio de uma sociedade para todas as idades, é desconsiderar que os jovens, as crianças e adultos, talvez também considerem que estejam na melhor idade. Portanto, melhor idade é aquela em que a pessoa está feliz consigo mesma, independente da sua idade cronológica.
5. OS IDOSOS NÃO SÃO UM PESO PARA A SOCIEDADE
Pensar que os idosos são um peso para a sociedade é um equívoco muito grande. Faz parte do senso comum retratar os idosos como um fardo econômico para o sistema social, principalmente responsabilizando-os pela crise da Previdência e do sistema de saúde. Neste discurso torna-se presente um falso discurso de que o envelhecimento é um problema social. Camarano, pesquisadora do IPEA, aponta
que no Brasil houve um aumento do número de famílias que estão sendo sustentadas por idosos. E vai mais além: a qualidade de vida dessas famílias em comparação com aquelas que não são sustentadas por idosos é bem melhor. Devido à miséria e à crise de trabalho, é cada vez mais freqüente encontrarmos duas ou três gerações vivendo com idosos e muitas vezes, a aposentadoria ou pensão são a única fonte de renda estável dessas famílias.