terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Além do bazar


Texto e fotos: Fábio Sousa
Entrevistas realizadas por Hilda Favaron, Diva Guedes e Prudência Sousa.
Revisão: Geuid

O ano vai chegando perto do seu término e em muitos lugares é possível encontrar diversos tipos de bazares, mas você já se perguntou qual é o real motivo para a existência deles?

Usualmente pensamos que eles servem apenas para vender produtos dos mais diversos tipos, reunir pessoas em prol de uma causa, mas aqui no Projeto Samuel Rangel a sua função é um pouco inusitada: mostrar que a terceira idade vai muito além do que imaginamos.

“O bazar surgiu da necessidade de mostrar para a comunidade o que a terceira idade é capaz de realizar” – foi o que a coordenadora do Projeto e outros membros da sua organização afirmaram categoricamente ao serem indagadas sobre a criação do Bazar de Natal, que chega à sua nona edição.


Edima, coordenadora do Projeto Samuel Rangel

Mas por que a necessidade de ser afirmar isso? Acontece que ainda muitas pessoas acreditam que, ao nos tornarmos idosos, a nossa contribuição para a sociedade chega ao fim, que deveríamos descansar e relaxar após uma vida de muito trabalho, família e responsabilidades e que fazer qualquer coisa além de interpretar o papel de “vovó” é ir além do necessário. “Por que aprender algo novo?”, “Por que se esforçar tanto?”, “Por que não ficar quietinho no seu canto?” – são os tipos de indagações que homens e mulheres sexagenários ouvem dos seus entes queridos, mas basta conversar um pouco com os professores e assistidos do Projeto que você perceberá a real importância dos trabalhos que são ofertados no bazar.


“O Projeto, para mim como professora, é uma felicidade em poder ajudá-las e a cada dia me sinto mais completa. [...] é uma bênção para os idosos, porque, além das atividades, elas se encontram, compartilham, se tornam companheiras. Deixam de ficar isoladas no lar e através dessa convivência e trabalho elas se sentem úteis.” 
- Olga de Oliveira Fernandes, 78, Prof.ª de Pintura.





“Ficar quieto em seu canto” é a pior coisa que pode acontecer para quem se aposenta. A quebra da rotina de cuidar dos filhos e trabalhar acarreta diversos problemas, como depressão, pois os idosos deixam de se sentir úteis e ficam desmotivados. O que a professora Olga e tantas outras, como a professora Irene, a professora Jarmira e a professora Maria Nair demonstraram em seus relatos é que sair de casa funciona como uma unidade agregadora, que cria sorrisos e fortalece laços de união, fazendo com que as participantes criem novos laços de amizade e companheirismo, reencontrando o seu lugar no mundo.

Quando indagadas sobre o que o Projeto significava para suas vidas, muitas assistidas afirmaram coisas como:

Nair Caroza (à esquerda)



 “O projeto tornou-se para mim um tipo de comunidade, onde todos passam horas agradáveis.” 
- Nair Caroza, 77













“A mudança na minha vida foi distração, trabalhar, exercício para a mente, coisa que até comento em casa, que não gosto de faltar. Procuro não faltar nem um dia, mesmo com chuva gosto de ir. Tenho 80 anos e me sinto muito bem com toda essa minha atividade.”
- Clarice Barri Conde, 80





Então pense que neste final de ano você não estará adquirindo apenas um belo trabalho artesanal, mas sim que aquela lembrancinha é a materialização do poder transformador da amizade, companheirismo e autovalorização que semanalmente coordenadores, professores e assistidos realizam dentro do Projeto Samuel Rangel, antes mesmo de as portas do bazar serem abertas.


IX Bazar de Natal


8 de dezembro das 10h às 16h

Local: Igreja Metodista em Pinheiros
Rua Deputado Lacerda Franco, 318. (mapa)

Trabalhos em bordado, fuxico, tricô, crochê, macramê, pintura em tecido, artesanatos e cantinho do bebê.

Cantina com doces e salgados

13h Coral “Samuel Rangel”
Regente Anabela Leão e Fonoaudióloga Fabiana Souza

Realização: AMAS - Associação Metodista de Ação Social.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Apresentação Coral "Samuel Rangel" no metrô Vila Madalena




O coral “Samuel Rangel”, conduzido pela regente Anabela Rocha Leão e fonoaudióloga, Fabiana Souza, se apresentará no dia 03/12/2012 na estação do metrô Vila Madalena (a partir das 12h), iniciando as atividades natalinas em SP.



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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Relato de uma pessoa que teve câncer de mama


Foto: Hilda Favaron (divulgação)

No ano de 2007, eu me deparei com uma surpresa ao fazer uma consulta médica com meu ginecologista. Após fazer os exames rotineiros, foi diagnosticado que eu tinha um câncer de mama no seio direito.

Carcinoma in situs – este era o nome até então desconhecido que acabara de entrar na minha vida. As únicas opções que me foram dadas era a retirada total (a temida mastectomiatotal) do seio ou só o quadrante onde estava localizado o tumor – não preciso dizer que o meu mundo ruiu; eu não conseguia entender por que aquilo estava acontecendo comigo.

No consultório, com uma de minhas filhas e meu marido, tomamos a decisão de fazer a retirada do seio, pois assim eu não correria os possíveis riscos dos efeitos colaterais ao fazer quimioterapia e radioterapia. Com isso eu só necessitaria fazer um tratamento (longo) de cinco anos com remédio via oral, mas com menos efeitos secundários.

“Por que retirar todo o seio ao invés de um pequeno quadrante?” – você deve estar se perguntando. A médica foi bem clara: pode ser menos invasivo, mas, além de ter de me submeter à radioterapia, uma dúvida estaria sempre presente: sarei ou não sarei?

Sei que a opção foi radical; fiquei seis meses sem o seio, com aquela cicatriz horrível que vocês podem imaginar. Eu tinha até vergonha de me expor ao meu marido, mas não deixei de fazer tudo o que fazia antes, como ir à praia, mas agora eu amarrava um lenço em uma das alças do biquíni e a outra ponta cobria a falta do seio; por indicação médica também utilizava um saquinho de tecido recheado com alpiste, mas isso só até começar a reconstrução da mama. Por seis meses fiquei com uma prótese inflável para poder esticar a pele que sobrou do meu seio e, por fim, foi colocada a prótese definitiva. Hoje tenho novamente meu seio, que está igual ao natural.

O que eu quero dizer com esse breve relato é que não é fácil descobrir que se tem câncer. Você precisará tomar decisões difíceis, mas, com o acompanhamento e o tratamento corretos, você descobre que essa doença não é o fim, apenas mais um obstáculo, como tantos outros nessa vida, que sempre superamos.

Após cinco anos de tratamento, estou aqui para contar esse pedacinho da minha história, que, à primeira vista, pode parecer triste, mas o apoio que recebi da minha família e dos amigos foi o alicerce necessário para eu encarar tudo de pé.

O que eu peço a todas as mulheres que se depararem com um problema desses é que não se desesperem – dirijam-se aos seus médicos e façam tudo o que for necessário. Não deixem de se cuidar, pois, quanto mais cedo o diagnóstico é feito, maiores são as chances de os tratamentos surtirem efeito e de você voltar a ter uma vida saudável e produtiva.

Escrito por Hilda Maria Colpy Favaron

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Mês do Idoso: Tarde de chorinho com o Grupo “Chorando na labuta”

Grupo "Chorando na Labuta"
Fonte: Grupo Chorando na Labuta (Facebook/divulgação) 

Para comemorar o mês do idoso, o Projeto Samuel Rangel, realiza nesta sexta uma apresentação de um gênero musical tradicionalmente brasileiro: o chorinho.

Hoje em dia após o trabalho as pessoas procuram um lugar para se encontrar com os amigos; pode ser um bar, um boteco ou mesmo a sala de estar em seus lares. Em muitos deles há música ao vivo (sertanejo, samba ou pagode), mas são poucos os lugares que tocam chorinho.

Chorinho ou choro é um gênero de música popular brasileira, aonde os músicos vão se “achegando” com seus instrumentos, compondo a roda. Conversa vai conversa vem e surge o primeiro pedido: Ernesto Nazaré, sucedido por Pixinguinha, Zequinha de Abreu e muitos outros. As horas vão se passando despercebidas, o cansaço diário vai sumindo no embalo da música e cada vez mais a roda aumenta. Com o sono batendo e o sol raiando, é hora de parar – mas amanhã tem mais!:-)

E nesta sexta-feira (26/10) o Grupo “Chorando na Labuta” vai montar a sua roda de choro aqui no Projeto Samuel Rangel, a partir das 13h30 em comemoração as festividades do Mês do Idoso.

Para entrar no clima, um pouco de Pixinguinha:


Escrito por Diva de Sousa Guedes

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Feliz Dia do Idoso!


Querido idoso,
esta mensagem é para você
que possui experiência em 
disseminar conhecimento por onde passa.

Neste dia tão importante
se orgulhe pela sua passagem.
A vida é longa e poucos
chegam tão longe como você chegou.

A estrada da vida é árdua
e as vezes quase insuportável,
mas você conseguiu passar
por obstáculos e hoje
transmite paz e sabedoria.

Parabéns pelo seu merecidíssimo dia.
Feliz dia internacional do idoso!

(01/10/12)

terça-feira, 10 de julho de 2012

Dicas Gerontológicas

As dicas gerontológicas visam aconselhar e alertar, principalmente aos idosos, sobre mínimos detalhes que poderão promover maior bem estar, e evitar danos à saúde.

  • COMO PREVENIR QUEDAS

  1.  Evite andar em casa só com meias, principalmente em chão escorregadio;
  2.  Evite usar chinelos que estejam largos ou sapatos com solas muito gastas;
  3. Se tem animais de estimação, tenha atenção para não tropeçar neles;
  4. Pratique exercícios: é bom para a massa óssea, fortalece os músculos, melhora a postura, a coordenação motora e a flexibilidade dos joelhos - é fundamental para evitar as quedas;
  5. Utilize tapetes anti-derrapantes.

Mitos do Envelhecimento

Esta página tem como objetivo indicar questões a serem desmistificadas, os “Mitos do Envelhecimento”, os quais julgamos ser necessário abordar com o propósito para uma melhor assistência ao idoso.


1. VELHICE NÃO É DOENÇA
     

        Infelizmente um grande número de pessoas chega no envelhecimento em más condições de saúde e com perdas funcionais consideráveis. Mas esta constatação não nos permite afirmar que velhice seja sinônimo de doença. A qualidade de vida de uma pessoa na velhice depende tanto das condições socioeconômicas 
e culturais que ela encontrou ao longo de sua vida quanto na adoção de hábitos saudáveis. 
        Envelhecemos conforme vivemos.Envelhecer é um processo do sujeito que vive o seu próprio tempo de forma particular e peculiar. O grande desafio das políticas públicas de saúde dos idosos é manter ao máximo a capacidade funcional através da adoção de programas de promoção e proteção da saúde e prevenção das doenças, evitando a fase de dependência. É cada vez mais freqüente encontrarmos idosos com idade avançada sem incapacidades. As pesquisas indicam que 82% dos idosos estão bem de saúde, mantendo sua independência e autonomia.




2. IDOSO NÃO VOLTA A SER CRIANÇA

     Há um entendimento popular que “velho é uma criança grande” ou que “velho volta a ser criança.” Isso é falso e encobre  o estereótipo da fragilidade da velhice e que pretende  segregar a uma condição de inferioridade. É muito comum vermos profissionais tratando os idosos como se fossem crianças, chamando-os por nomes diminutivos (vózinha, queridinha, bonitinha, lindinha, etc) e dirigem-se a eles falando com infantilidade e muitas vezes além das palavras, agem  tentando erguê-los como se fossem deficientes físicos e necessitassem de ajuda, mesmo que não precisem. Não devemos tratar os idosos como tratamos as crianças. Devemos tratá-los  como sujeitos que têm suas particularidades e que continuam a necessitar da atenção individual que esta fase da vida necessita. 

3. OS IDOSOS NÃO SÃO TODOS IGUAIS

    O envelhecimento de um individuo é e sempre será diferente do envelhecimento do outro. Cada sujeito tem a sua própria velhice e, conseqüentemente, as velhices são incontáveis. As mudanças biológicas ocorrem
em todos os seres humanos, porém, as mudanças não se processam de forma igual. Cada um de nós possui o seu ritmo próprio de mudança. Nem todos os idosos são surdos, cegos, ranzinzas, implicantes, sábios, amáveis, ou quaisquer outros adjetivos e designações que pretendemos dar. Assim como as crianças,
adolescentes, jovens e adultos têm suas particularidades, os idosos também as têm. Não podemos compreender o indivíduo pela generalização, pois sabemos que cada um de nós envelhece a seu próprio tempo e de modo particular e singular.

4. A VELHICE É A MELHOR IDADE?

Há uma forte tendência nos trabalhos com idosos denominar esta fase da vida como sendo “a melhor idade”. Há muitos idosos que podem chegar nesta fase da vida e avaliarem que de fato ela é a melhor idade de suas vidas. Isso é um critério de análise individual. Não podemos concordar que isso seja uma generalização para todos os idosos. Devemos ter o cuidado de não esconder atrás da designação “melhor idade” um eufemismo que encubra as desigualdades presentes na sociedade e que afaste dos idosos a reflexão do lugar que o velho tem na vida social. Ao mesmo tempo, dizer que é no envelhecimento que se alcança a melhor idade é desconsiderar o princípio de uma sociedade para todas as idades, é desconsiderar que os jovens, as crianças e adultos, talvez também considerem que estejam na melhor idade. Portanto, melhor idade é aquela em que a pessoa está feliz consigo mesma, independente da sua idade cronológica.

5. OS IDOSOS NÃO SÃO UM PESO PARA A SOCIEDADE

Pensar que os idosos são um peso para a sociedade é um equívoco muito grande. Faz parte do senso comum retratar os idosos como um fardo econômico para o sistema social, principalmente responsabilizando-os pela crise da Previdência e do sistema de saúde. Neste discurso torna-se presente um falso discurso de que o envelhecimento é um problema social. Camarano, pesquisadora do IPEA, aponta
que no Brasil houve um aumento do número de famílias que estão sendo sustentadas por idosos. E vai mais além: a qualidade de vida dessas famílias em comparação com aquelas que não são sustentadas por idosos é bem melhor. Devido à miséria e à crise de trabalho, é cada vez mais freqüente encontrarmos duas ou três gerações vivendo com idosos e muitas vezes, a aposentadoria ou pensão são a única fonte de renda estável dessas famílias.
 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Samuel Rangel: um breve histórico de vida



Por Gláucia Pereira Sales

Nascido em março de 1937, no interior de São Paulo, negro, filho de família pobre que lutou com muitas dificuldades, mas sempre norteada pelo Evangelho.

O seu pai era pedreiro e trabalhou na construção do templo da Igreja Metodista em Pinheiros. Samuel ajudava o pai neste ofício. Desde criança era assíduo participante da Igreja Metodista. Quando adulto, assumiu várias funções e liderança na Igreja.

Samuel não se casou. Por muitos anos viveram ele e o irmão, também solteiro. Mas isso não fez dele alguém solitário. Sua simpatia fez com que ele tivesse sempre muitos amigos e família - a família do coração, a família da fé.

Sempre bem humorado, brincalhão e ativo, destacava-se pela sua cordialidade e preocupação com o semelhante. Formou-se técnico em Assistência Social, trabalhou vários anos na Associação Evangélica Beneficente (AEB).

Frequentemente gaguejava. Nem isso e nem o preconceito contra sua raça o intimidavam de falar em público ou com autoridades, pleiteando direitos dos menos favorecidos. Essa sua militância na área social ofereceu grande contribuição ao Centro de Convivência Otoniel Mota (CECOM) (serviço para idosos), da AEB e à fundação do Centro Comunitário Metodista de Capão Bonito (serviço de creche), da Igreja Metodista.

Samuel sempre incentivou os demais membros da Igreja Metodista para desenvolver atividades e projetos sociais. Incomodava-se de ver a igreja fechada. O sonho dele era que a Igreja montasse uma casa de convivência para idosos. A vontade do Samuel somada à de outras pessoas da igreja Metodista, motivadas pela teologia de João Wesley (fundador do metodismo), que afirmava não entender uma religião sem a preocupação social, levou à concretização do que hoje é o Projeto Samuel Rangel.

O grupo de Ação Social da igreja passou a reunir-se para planejar e traçar as estratégias do centro de convivência a partir das aulas de artesanato que já existiam entre as mulheres. Nesse processo, a saúde de Samuel foi abalada (problemas renais e respiratórios) e, em agosto de 1997, faleceu sem ver o início do projeto.

No início de 1998 o núcleo de convivência saiu do papel e tomou forma com as atividades. Pelo exemplo de cidadania e de vida cristã que ele deixou, a Igreja Metodista em Pinheiros, decidiu, em homenagem póstuma, conceder o nome dele ao projeto. De igual modo, por ser um musicista dedicado, em 2010 o coral formado por idosos do Projeto Samuel Rangel também ganhou o nome dele Coral Samuel Rangel.

Louvamos a Deus pela vida e o exemplo de Samuel Rangel. Desejamos que ele inspire as pessoas a amar e servir a Deus, amando e servindo ao próximo.