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Foto: Hilda Favaron (divulgação) |
No ano de 2007, eu me
deparei com uma surpresa ao fazer uma consulta médica com meu ginecologista. Após
fazer os exames rotineiros, foi diagnosticado que eu tinha um câncer de mama no
seio direito.
Carcinoma in situs – este era o nome até então desconhecido que
acabara de entrar na minha vida. As únicas opções que me foram dadas era a
retirada total (a temida
mastectomiatotal) do seio ou só o quadrante onde estava localizado o tumor – não
preciso dizer que o meu mundo ruiu; eu não conseguia entender por que aquilo
estava acontecendo comigo.
No consultório, com uma de minhas filhas e meu marido, tomamos a decisão
de fazer a retirada do seio, pois assim eu não correria os possíveis riscos dos
efeitos colaterais ao fazer quimioterapia e radioterapia. Com isso eu só
necessitaria fazer um tratamento (longo) de cinco anos com remédio via oral,
mas com menos efeitos secundários.
“Por que retirar todo o seio ao invés de um pequeno quadrante?” – você
deve estar se perguntando. A médica foi bem clara: pode ser menos invasivo, mas,
além de ter de me submeter à radioterapia, uma dúvida estaria sempre presente: sarei ou não sarei?
Sei que a opção foi radical; fiquei seis meses sem o seio, com aquela
cicatriz horrível que vocês podem imaginar. Eu tinha até vergonha de me expor
ao meu marido, mas não deixei de fazer tudo o que fazia antes, como ir à praia,
mas agora eu amarrava um lenço em uma das alças do biquíni e a outra ponta
cobria a falta do seio; por indicação médica também utilizava um saquinho de
tecido recheado com alpiste, mas isso só até começar a reconstrução da mama.
Por seis meses fiquei com uma prótese inflável para poder esticar a pele que
sobrou do meu seio e, por fim, foi colocada a prótese definitiva. Hoje tenho
novamente meu seio, que está igual ao natural.
O que eu quero dizer com esse breve relato é que não é fácil descobrir que se tem câncer. Você precisará tomar decisões
difíceis, mas, com o acompanhamento
e o tratamento corretos, você descobre que essa doença não é o fim, apenas mais um obstáculo, como tantos outros
nessa vida, que sempre superamos.
Após cinco anos de tratamento, estou aqui para contar esse pedacinho da
minha história, que, à primeira vista, pode parecer triste, mas o apoio que
recebi da minha família e dos amigos foi o alicerce necessário para eu encarar
tudo de pé.
O que eu peço a todas as mulheres que se depararem com um problema desses
é que não se desesperem – dirijam-se
aos seus médicos e façam tudo o que for necessário. Não deixem de se cuidar,
pois, quanto mais cedo o diagnóstico é
feito, maiores são as chances de os tratamentos surtirem efeito e de você
voltar a ter uma vida saudável e produtiva.
Escrito por Hilda Maria Colpy Favaron